Wednesday, March 09, 2016

E se Ranieri se estrear a ser campeão pelo Leicester?

Claudio Ranieri é uma espécie de “patinho feio” do futebol internacional. O treinador italiano colecciona passagens por grandes clubes europeus como Chelsea, Juventus, Atlético de Madrid, Valência, Inter de Milão, Nápoles, Fiorentina, Roma ou Mónaco. Contudo, apesar dos muitos craques que já pôde orientar, a sua vitrine de títulos não é muito extensa: uma Taça do Rei, uma Taça de Itália, uma Supertaça Europeia, à custa do FC Porto em 2004, uma Taça Intertoto, uma Supertaça Italiana, uma Supertaça Inglesa uma série B italiana e uma Ligue 2 francesa. Oito títulos que se podem considerar “menores”, atendendo aos “Ferraris” que já teve em mãos.

No entanto, o trajeto de Ranieri está longe de ser monótono. Em 1993/1994, após duas épocas no Nápoles assumiu o desafio de treinar a Fiorentina na série B, num plantel onde pontificavam craques como Toldo, Batistuta ou Effenberg. Permaneceu em Florença durante quatro épocas e ganhou uma Taça de Itália em 1995/1996. Treinou o Valência – onde ganhou uma Taça do Rei, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intertoto - em duas ocasiões. Esteve no Atlético de Madrid em 1999/2000, época em que os “colchoneros” acabaram despromovidos. Seguiram-se quatro anos no Chelsea. Em 2003/2004, a sua última época no clube, ficou em segundo e chegou às meias-finais da Liga dos Campeões. No ano seguinte, na estreia em Stamford Bridge, José Mourinho sagrou-se logo campeão… Em 2007/2008 assumiu novo desafio de risco ao aceitar liderar a Juventus vinda da série B. Foi terceiro nessa temporada e segundo na seguinte, vice-campeonato que repetiu na época seguinte ao serviço do Roma. Em 2012/2013 foi o escolhido para liderar o milionário projeto que tirou o Mónaco da segunda divisão e levou o clube ao segundo lugar na Ligue 1, mas a direção entendeu substituí-lo pelo português Leonardo Jardim. Antes de chegar ao Leicester, comandou a seleção grega em quatro jogos, acabando despedido depois de uma vergonhosa derrota caseira com as Ilhas Faroé.

Resumindo, Ranieri já esteve várias vezes perto de ser feliz. Como o futebol tem a beleza de ser altamente imprevisível, o veterano técnico transalpino de 64 anos arrisca-se a ser campeão pela primeira vez do primeiro escalão de um grande campeonato europeu logo ao leme do improvável Leicester City que, à 29ª jornada, lidera a tabela com cinco pontos de vantagem sobre Tottenham e sete sobre o Arsenal. Na última época, nesta fase da temporada, o Leicester era o “lanterna vermelha” e só escapou à despromoção graças a um fantástico final de campeonato, ainda com Nigel Pearson como treinador.

O resto da história já muita gente sabe. Ranieri tem o mérito de ter mantido grande parte do plantel da época transata e transformou um candidato a não descer a favorito à conquista do título inglês. Os principais heróis da campanha do Leicester são o goleador Jamie Vardy, que chegou a andar perdido em divisões secundárias como amador, e o extremo internacional argelino Riyad Mahrez . Só à sua conta já marcaram 34 golos, 19 e 15 respetivamente. Mas nem só do ataque vive este “super Leicester”. Na baliza, Kasper Schmeichel tem feito jus ao seu progenitor Peter, na defesa “reabilitou” o alemão Robert Huth e no meio-campo o francês N’Golo Kanté, que foi descobrir nos franceses do Caen, e o inglês Daniel Drinkwater garantem a estabilidade necessária entre defesa e ataque.

Os dados estão lançados. Há nove jogos por disputar e o Leicester tem cinco pontos de vantagem. Será o suficiente para fazer história? Eu espero que sim, pois é demonstrativa que nem só de milhões se fazem títulos. Pelo ainda longo caminho que o Leicester tem pela frente, o jogo, na teoria, mais complicado que vai disputar será na jornada 36 na visita a Old Trafford, onde o Manchester United ainda luta para chegar à Liga dos Campeões.

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